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Et2 Volta a Portugal: Larouco enaltece talento luso-galego

9,3 km a 5,6% de pendente média. Estes são os números da 1ª categoria onde a meta esperava os heróis ao final da segunda etapa da Volta a Portugal. A Serra do Larouco representou a primeira chegada em alto da 77ª edição, o primeiro real esgrimir de forças entre os favoritos à geral. Galegos e lusos mostraram garra, força, talento e disciplina na abordagem aos quilómetros decisivos. Mostraram o valor do ciclismo que se pedala em Portugal.

Equipas mostraram o valor do ciclismo português
(foto Volta a Portugal)

Antes de chegar à fase decisiva da jornada de 175,6 km entre Macedo de Cavaleiros e Montalegre, a garra lusitana esteve presente na fuga novamente com um quinteto onde Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) mereceu redobrado destaque ao defender com retumbante êxito a liderança da montanha. De perfil internacionalmente discreto, o corredor de 27 anos é dono de uma inegável qualidade, destacando-se este ano em 3º no Grande Prémio Jornal de Notícias, 9º no Troféu Joaquim Agostinho e 10º no Troféu Oliveira de Azeméis [2ª prova da Taça de Portugal]. Tem à sua espera um trabalho árduo nos próximos dias na defesa desta liderança, um desafio a que Bruno Silva corresponderá com o máximo da sua força como nos habituou nas demais provas do calendário nacional.

Do quinteto em fuga fizeram também parte Coen Vermeltfoort (Cyclingteam Join’s – De Rijke), Georg Loex (Team Stuttgart), Stef van Zummeren (Verandas Willems Cycling Team) e o jovem espanhol Fernando Grijalba (Caja Rural-Seguros RGA), último a ser alcançado pelo pelotão a 15 km da meta e vencedor da combatividade.

Regressamos ao pelotão, onde duas equipas lusitanas lutaram com brio pelo fim da fuga com vista à vitória da etapa. Maioritariamente no comando, a W52-Quinta da Lixa voltou a mostrar uma solidez exemplar enquanto grupo. Um bloco tão harmonioso, que é fácil perceber o papel de cada elemento, o momento exacto de trabalho de cada corredor. António Carvalho, Samuel Caldeira, Hélder Oliveira, Luís Fernandes, Joaquim Silva, Rui Vinhas e Raúl Alarcón impõem a pedalada para mais tarde Delio Fernández e Gustavo Veloso fazerem a diferença na meta. Porquê nomear cada um deles? Porque a vitória de um líder depende em muito da lealdade e qualidade dos seus companheiros. No ciclismo não se vence sozinho e esta esquadra tem revelado notório valor, como notória é a sabedoria de Gustavo Veloso na liderança deste grupo, que comanda a Volta no colectivo, no combinado e na geral individual.

Delio Fernández, vencedor neste dia, reflectiu-o nas palavras à RTP: “Estou muito contente por mim, pela equipa, pelo trabalho dos colegas. Estou muito agradecido a eles.” Os objectivos eram claros: “Não perder tempo na classificação geral e estar sempre atento ao Gustavo, que é o nosso líder. Na parte final tínhamos uma estratégia, repartíamos o trabalho e a 1 km da meta poder tentar a vitória.” Mas um talento luso surpreendeu o talento galego. José Gonçalves (Caja Rural-Seguros RGA) foi no seu encalço, batendo-se pela vitória até à linha de todas as decisões. “A verdade é que surpreendeu-me ficar na minha roda. Ataquei muito forte, guardei um pouco de forças para os últimos 200m, que sabia que podia endurecer”, concluiu Delio após o triunfo no alto do Larouco.

Na meta brilhou Delio Fernández primeiro, José Gonçalves segundo e o vencedor da Volta de 2014 em terceiro. Gustavo Veloso chegava assim à camisola amarela, exactamente no mesmo local onde no ano anterior tinha assumido a liderança da geral: “O ano passado vesti a camisola amarela aqui e vamos ver se conseguimos ir com ela até Lisboa. Agora há que ir etapa a etapa, ver como respondem as forças.” Valorizou ainda quem tem a seu lado nesta batalha pela rainha lusitana: “A sorte também está em que o segundo classificado é o Delio e sei que vou ter bem guardadas as costas durante toda a Volta.”

Contudo, outra equipa teve um papel crucial a 29 km do final da jornada. Nesse momento, o pelotão viu surgir novas cores no comando, cores essas que foram determinantes no fim da fuga. A Efapel reduziu no espaço de 3 km a vantagem de 3m07s para 1m11s, até alcançar definitivamente todos os aventureiros do dia. Américo Silva, director desportivo da equipa de Ovar, tinha delineado o objectivo de vencer a etapa com Jóni Brandão, meta que fugiu por 6s no alto do Larouco ao finalizar em 4º.

Esta primeira batalha na montanha mexeu com a geral, vendo Gaetan Bille (Verandas Willems Cycling Team) despedir-se da amarela de forma muito nobre e honrando a camisola da Volta. O belga lutou até ao máximo das suas forças por se manter no grupo de favoritos, apenas perdendo contacto nos derradeiros 2000m. Entre os favoritos, a luta está ainda mais acesa com Gustavo Veloso na liderança, seguido em 7º por Ricardo Mestre (Team Tavira) a 13s, 8º Hernâni Brôco (LA Alumínios-Antarte) a 34s, 10º Alejandro Marque (Efapel) a 37s, 14º Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) a 54s e 29º Hugo Sabido (Louletano-Ray Just Energy) já a 1m55s.

Há que somar ainda alguns nomes ao lote de favoritos à geral. As equipas lusitanas raramente aparecem na Volta a Portugal apenas com um líder. Nesta edição, a LA Alumínios-Antarte confirmou a liderança de Hernâni Brôco e Sérgio Sousa, contando ainda com o jovem talento Amaro Antunes em grande forma e actual líder do Ranking APCP Ciclista do Ano. À segunda etapa, a equipa mantém os três rostos no Top 10. Também a Efapel é dona de uma dupla liderança, juntando ao vencedor da Volta de 2013 Alejandro Marque o campeão nacional de 2013 Jóni Brandão, ambos igualmente bem colocados no Top 10. Destacam-se ainda os nomes de José Gonçalves e Ricardo Vilela (Caja Rural-Seguros RGA), 3º e 4º na geral, dois lusos que têm mostrado os trunfos que detêm para terem dado o salto internacional.
 
Delio Fernández mais forte do que José Gonçalves
no alto do Larouco (foto Volta a Portugal)
Delio Fernández, Fernando Grijalba, Bruno Silva,
Luca Capelli, Gustavo Veloso e José Gonçalves
(foto Volta a Portugal)
Resultados Et2
1º Delio Fernández (Esp) W52-Quinta da Lixa 5:00:10
2º José Gonçalves (Por) Caja Rural-Seguros RGA +1”
3º Gustavo Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa +6”
4º Jóni Brandão (Por) Efapel +6”
5º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +8”
6º Alejandro Marque (Esp) Efapel +8”
7º Ricardo Mestre (Por) Team Tavira +13”
8º Sérgio Sousa (Por) LA Alumínios-Antarte +14”
9º Hernâni Brôco (Por) LA Alumínios-Antarte +14”
10º Ricardo Vilela (Por) Caja Rural-Seguros RGA +15”

C.Geral
1º Gustavo Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa 10:17:41
2º Delio Fernández (Esp) W52-Quinta da Lixa +3”
3º José Gonçalves (Por) Caja Rural-Seguros RGA +6”
4º Ricardo Vilela (Por) Caja Rural-Seguros RGA +28”
5º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +31”
6º Jóni Brandão (Por) Efapel +31”
7º Sérgio Sousa (Por) LA Alumínios-Antarte +32”
8º Hernâni Brôco (Por) LA Alumínios-Antarte +34”
9º Ricardo Mestre (Por) Team Tavira +35”
10º Alejandro Marque (Esp) Efapel +37”

Camisolas
Geral: Gustavo Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa
Juventude: Luca Capelli (Ita) Team Idea 2010 ASD
Montanha: Bruno Silva (Por) LA Alumínios-Antarte
Pontos: José Gonçalves (Por) Caja Rural-Seguros RGA
Combinado: Delio Fernández (Esp) W52-Quinta da Lixa
Equipas: W52-Quinta da Lixa
Resultados completos aqui

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Et1 Volta a Portugal: fuga de impulsos
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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