Avançar para o conteúdo principal

Volta a Portugal: Amaro Antunes e Raúl Alarcón sentenciam Volta na etapa rainha

A W52-FC Porto delineou a táctica perfeita para sentenciar a 79ª Volta a Portugal Santander Totta em dia de etapa rainha. A glória da vitória coube a Amaro Antunes, cruzando a meta na Guarda lado a lado com o companheiro e líder da camisola amarela Raúl Alarcón.

Depois de alcançar a primeira vitória da sua carreira na Volta, Amaro Antunes mostrou-se satisfeito aos microfones da RTP: “Sabíamos desde início para o que íamos, fizemos uma estratégia e as coisas correram na perfeição. Estou muito feliz pela equipa me dar uma vitória, tanto a equipa como o Raúl. Na estrada dei o que tinha pelo Raúl e pela equipa e estamos muito felizes. Ao contrário do que muitas pessoas diziam, que a equipa estava desorganizada e com rivalidades, hoje mostrámos que a união faz a força e conseguimos dar uma machadada. A vitória creio que está quase garantida, mas falta cumprir um contra-relógio e creio que o Raúl é o justo vencedor. O Raúl foi o camisola amarela desde quase o início da Volta, é ele que merece ter a camisola, foi o mais forte e eu fico satisfeito se ficar com o segundo lugar.”


A Torre ditou também o fim da luta pela geral por parte de Gustavo Veloso. Sobre o companheiro de equipa, Amaro Antunes referiu: “O próprio Gustavo sabia que hoje tínhamos de jogar a corrida, porque não queríamos correr o risco de chegar ao contra-relógio com adversários perto. Ele próprio compreendeu isso. Mas atrás não sabia como ia a corrida, eu e o Raúl apenas pensávamos em pedalar rápido, porque queríamos alargar a distância. Sabíamos que, chegando com alguma distância no alto da Torre, depois até lá abaixo nós unidos podíamos fazer a diferença e foi isso que aconteceu. Estou muito satisfeito, porque esta equipa merece por todo o trabalho que tem vindo a desenvolver.”

Quanto a Raúl Alarcón, manteve-se firme na liderança alcançada desde o final da primeira etapa: “Penso que fizemos uma grandíssima Volta. Estou feliz, fizemos uma táctica perfeita. Estamos em primeiro e segundo, temos ido dia-a-dia e desfrutando”, afirmou à RTP.
 
Amaro Antunes vence etapa rainha onde Raúl Alarcón é 2º e mantém amarela (© João Fonseca / Volta a Portugal)


À nona etapa chegou a temível Torre, mas não na chegada. O pelotão partiu da Lousã para 184,1 km até à chegada de 3ª categoria na Guarda. Numa jornada de sobe e desce constante, os prémios de montanha surgiram logo aos primeiros quilómetros com uma 3ª categoria ao km 6,5, a categoria especial da Torre ao km 114,7 e mais três 3ªs categorias ao km 158,9, a Guarda ao km 174,8 e a subida final.

Após a primeira subida do dia, coroada por Egor Silin (RP-Boavista) logo seguido pelo líder da camisola azul João Matias (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack), o pelotão dividiu-se, ficando na frente um numeroso grupo de 26 corredores, incluindo dois vencedores da Volta da W52-FC Porto, Ricardo Mestre (2011) e Rui Vinhas (2016), e os dois primeiros classificados na juventude Krists Neilands (Israel Cycling Academy) e Luís Gomes (RP-Boavista).

A fuga foi então composta por Ricardo Mestre (W52-FC Porto) e os companheiros Rui Vinhas e Joaquim Silva; Rafael Silva (Efapel) e os companheiros António Barbio e Jesús del Pino; Egor Silin (RP-Boavista) e os companheiros Domingos Gonçalves, Filipe Cardoso e Luís Gomes; César Fonte (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack); Jesús Ezquerra (Sporting-Tavira) e os companheiros Luís Fernandes e Mário González; David de la Fuente (Louletano-Hospital de Loulé) e o companheiro Hélder Ferreira; Krists Neilands (Israel Cycling Academy) e o companheiro José Manuel Diaz; Stef Krul (Metec-TKH Continental Cyclingteam p/b Mantel); Antonino Parrinello (GM Europa Ovini) e o companheiro Marco Tizza; Patrick Schelling (Team Vorarlberg); Beñat Txoperena (Euskadi-Murias) e o companheiro Txomin Juaristi; o primeiro camisola amarela Damien Gaudin (Armée de Terre) e o companheiro Bryan Alaphilippe.

Numa etapa em que a Torre prometia marcar a 79ª edição da Volta a Portugal, assim sucedeu ao longo dos seus 27,4 km de extensão dizimando o grupo da frente e também o pelotão, que ficou reduzido a um grupo restrito com a presença do camisola amarela Raúl Alarcón, enquanto Gustavo Veloso ficava definitivamente para trás.

Na frente, o russo Egor Silin tentou escalar a Torre em solitário, mas depressa foi alcançado por seis companheiros da fuga inicial e Amaro Antunes, que entretanto tinha atacado no grupo dos favoritos. À falta de 79 km para a meta, chegou também ao grupo Alarcón.

Deste grupo, formou-se um poderoso quarteto na frente da corrida composto por três elementos da W52-FC Porto – Raúl Alarcón, Amaro Antunes e Ricardo Mestre – acompanhados pelo líder da juventude Krists Neilands.

O alto da Torre foi coroado por Amaro Antunes, enquanto no grupo perseguidor dos mais directos rivais à amarela trabalhava incansavelmente Alejandro Marque (Sporting-Tavira) para que Rinaldo Nocentini se mantivesse na luta pela geral. Nesse grupo estava também o 2º na geral Vicente de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé).

À falta de 34 km para o final da jornada, o quarteto passou a trio com Ricardo Mestre a dar por terminado o trabalho feito até então. Já De Mateos via aumentar o grupo com a chegada de Sérgio Paulinho (Efapel) ao lado do companheiro de equipa Henrique Casimiro, contando também com a presença entre outros de João Benta (RP-Boavista), Hugo Sancho (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) e Mikel Bizkarra (Euskadi-Murias).

No trio dianteiro, à falta de 16 km foi a vez do mais combativo do dia Krists Neilands ficar para trás, jovem de 22 anos que passou em 2016 pela norte-americana Axeon Hagens Berman, está a liderar a camisola da juventude com uma notável performance e no final da jornada subiu a 10º na geral.

Em vez de descer, a vantagem do duo na frente só tendia a aumentar, contando Raúl Alarcón e Amaro Antunes com 5 minutos na passagem pelo aviso dos derradeiros 5 km, diferença que se manteve à entrada dos 3 km da subida final para a meta.

Longe dos adversários, a dupla da W52-FC Porto manteve-se unida na chegada à Guarda, cruzando a linha lado a lado com Amaro Antunes a conquistar a etapa e a subir a 2º na geral, enquanto Raúl Alarcón manteve a camisola amarela, estando na geral a 31 segundos do companheiro de equipa e a mais de 5 minutos dos restantes rivais.

Krists Neilands fechou o pódio da jornada a 1 minuto e 28 segundos, chegando a mais de 4 minutos o grupo encabeçado por Vicente de Mateos, que desceu a 3º na geral, a 5 minutos e 4 segundos de Alarcón.

O pelotão chegou a conta-gotas à Guarda, com Gustavo Veloso a cruzar a linha a 41 minutos e 49 segundos, junto aos companheiros de equipa Rui Vinhas, Samuel Caldeira e Joaquim Silva.

Raúl Alarcón manteve assim a liderança da camisola amarela e o companheiro Amaro Antunes subiu à liderança da montanha e do combinado. Vicente de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) manteve o comando na classificação por pontos, Krists Neilands (Israel Cycling Academy) na juventude e a W52-FC Porto a liderança por equipas.

Amanhã, a décima e última etapa disputa-se em Viseu, num decisivo contra-relógio individual de 20,1 km [ordem de partida].

Resultados Et9 [resultados completos]
1º Amaro Antunes (Por) W52-FC Porto 4:56:55
2º Raúl Alarcón (Esp) W52-FC Porto mt
3º Krists Neilands (Lat) Israel Cycling Academy +1:28s
4º Vicente de Mateos (Esp) Louletano-Hospital de Loulé +4:41s
5º Rinaldo Nocentini (Ita) Sporting-Tavira +4:44s
6º João Benta (Por) RP-Boavista +4:48s
7º Alejandro Marque (Esp) Sporting-Tavira +4:50s
8º Henrique Casimiro (Por) Efapel +4:50s
9º Hugo Sancho (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +4:57s
10º David Rodrigues (Por) RP-Boavista +5:07s
11º António Carvalho (Por) W52-FC Porto +5:09s
12º Mikel Bizkarra (Esp) Euskadi-Murias +5:12s
13º Patrick Schelling (Sui) Team Vorarlberg +5:15s
14º Sérgio Paulinho (Por) Efapel +5:22s
15º Egor Silin (Rus) RP-Boavista +5:47s
16º César Fonte (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +15:23s
17º Luís Gomes (Por) RP-Boavista +15:23s
18º Luís Afonso (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +15:23s
19º Bjorn Thurau (Ger) Kuwait-Cartucho.es +15:23s
20º Jesús del Pino (Esp) Efapel +15:23s

Classificação Geral
1º Raúl Alarcón (Esp) W52-FC Porto 41:19:59
2º Amaro Antunes (Por) W52-FC Porto +31s
3º Vicente de Mateos (Esp) Louletano-Hospital de Loulé +5:04s
4º Rinaldo Nocentini (Ita) Sporting-Tavira +5:12s
5º João Benta (Por) RP-Boavista +6:32s
6º Henrique Casimiro (Por) Efapel +7:07s
7º Alejandro Marque (Esp) Sporting-Tavira +7:07s
8º António Carvalho (Por) W52-FC Porto +7:16s
9º Sérgio Paulinho (Por) Efapel +7:39s
10º Krists Neilands (Lat) Israel Cycling Academy +8:31s
11º Hugo Sancho (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +9:22s
12º Mikel Bizkarra (Esp) Euskadi-Murias +10:01s
13º Patrick Schelling (Sui) Team Vorarlberg +13:03s
14º César Fonte (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +23:13s
15º Luís Gomes (Por) RP-Boavista +24:29s
16º Jesús del Pino (Esp) Efapel +30:38s
17º Ricardo Mestre (Por) W52-FC Porto +30:46s
18º Egor Silin (Rus) RP-Boavista +31:08s
19º Luís Afonso (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +32:08s
20º Daniel Mestre (Por) Efapel +33:37s
 ______
Ver também:

Comentários

  1. É de enaltecer Nuno Ribeiro por três motivos:
    1- A coragem por ter atacado com todos os elementos da equipa pela segunda vez na Volta. Não se limitou a defender e a esperar que fossem as outras equipas a marcar uma posição.
    2- Coragem por deixar "sozinho" o Gustavo Veloso num momento crítico. António Carvalho estava bem e poderia ser útil no grupo dos favoritos (o que não veio a acontecer), mas esta decisão revela bem a sua liderança no seio da equipa. Gustavo acabou por ter a ajuda do Rui Vinhas e Joaquim Silva.
    3- A grande força da equipa, para além das qualidades individuais está na união da mesma, e na forma como a equipa foi gerida quer na edição do ano passado, quer nesta edição. O líder era um mas circunstâncias da corrida fizeram com que fosse outro. E a equipa adaptou-se bastante bem das duas formas e isso só é possível através duma forte união e através duma Liderança correta do seu Director Desportivo.


    Esta equipa começa a pedir algo mais em termos de provas. Veremos o que lhes espera em 2018

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

#Giro100 no Eurosport

A 100ª edição do Giro d’Italia decorre entre os dias 5 e 28 de Maio, com transmissão alargada e personalizada no canal Eurosport , tendo como principais anfitriões da emissão portuguesa os conhecidos comentadores Luís Piçarra, Paulo Martins, Olivier Bonamici e Gonçalo Moreira. O Cycling & Thoughts esteve à fala com três dos comentadores para conhecer os pontos-chave da emissão, prognósticos do pódio e perspectivas da prestação lusitana na Corsa Rosa . No centenário do Giro d’Italia, o pelotão [ ver lista ] contará com três estreias lusitanas: o campeão nacional José Mendes (BORA-hansgrohe), José Gonçalves (Katusha-Alpecin) e o campeão do mundo de 2013 Rui Costa (UAE Team Emirates).

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.