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Alejandro Valverde e as 100 vitórias: "Sonharia com ganhar outra Vuelta"

Alejandro Valverde fala dos seus sentimentos, depois de entrar no selecto grupo de ciclistas centenários em triunfos profissionais. É o quarto do pelotão actual e o segundo espanhol da história a consegui-lo.


Após bater o recorde de pódios nos Mundiais (6), de vitórias na Flèche Wallonne (4) e nas Voltas a Murcia e Andalucia (5 em ambas), ou da diferença de anos (12) entre a primeira e a última vitória de etapa na Vuelta a España, Alejandro Valverde alcançou um dos marcos mais impressionantes da sua longa trajectória (15 temporadas) no campo profissional. O murciano entrou no selecto grupo de corredores que conseguiram 100 vitórias na máxima categoria. Entre os ciclistas no activo, apenas Tom Boonen, Mark Cavendish e André Greipel podem gabar-se disso. Em Espanha – o inigualável Miguel Indurain ficou em 97 – apenas Txomin Perurena superou essa cifra nos anos 70. Tranquilo após o seu quinto triunfo na Andaluzia e com a cabeça já no próximo objectivo, Paris-Nice, o ciclista da Movistar Team falou sobre as suas sensações neste momento histórico da sua carreira.
 

(© Movistar Team)

A vitória 100


“Foi um triunfo especial, é claro. Não só pelo número em si, mas também pela forma como aconteceu, ante tais adversários e pelo grande trabalho de toda a equipa. A verdade é que não comecei a pensar na vitória 100 até que ganhei a semana passada em Múrcia. Aí sim é que vi que só me faltavam duas e que na Andaluzia ia estar muito bem de forma e haviam duas ou três etapas onde podia estar perto de ganhar. No final, saiu tudo perfeito e depois de ganhar o primeiro dia, foi uma vitória 100 redonda levando também a geral. Qual a que mais gostaria de conseguir? Para sonhar, sonharia com ganhar outra Vuelta e, claro, com um Mundial. Sou o corredor com mais medalhas e ainda não consegui nenhum. Claro que é algo com que continuo a sonhar.”

Recordes


“Já me disseram que no pelotão actual só Boonen, Greipel e Cavendish chegaram a esse número. Eles são grandíssimos corredores, mas são sprinters, que conseguem muitas vitórias por ano nas chegadas. Poder estar aí com eles nesse grupo, sendo o tipo de corredor que sou, que embora sendo rápido não sou velocista, é para estar muito orgulhoso. Ao longo da história, é certo que foi difícil conseguir vitórias, mas creio que agora talvez seja mais por estar tudo mais controlado por parte de todas as equipas. Mas é fantástico ter conseguido cem vitórias. Ser o único espanhol que o alcançou nos últimos quarenta anos demonstra como é complicado. Já bati recordes de vitórias em Múrcia, agora na Andaluzia… a verdade é que me motiva bater recordes e irei continuar a tentar consegui-los.”

Presente e futuro


“Agora compito mais tranquilo e quase tudo o que corro é para ampliar o meu palmarés e o da equipa e para fazer desfrutar os fãs. O facto de ter já uma idade, de ter conseguido coisas importantes, de estar consolidado no ciclismo e na vida pessoal ajuda-me muitíssimo. Claro que também tens de ter uma grande condição, ter muita qualidade e treinar como qualquer outro. Mas é verdade que compito com mais tranquilidade e que tenho sempre uma grande equipa a meu lado. Dentro do difícil que é ganhar, torna-se mais fácil que antes.”

“Não sei até que anos irei aguentar. De momento, vamos cumprir os que nos restam, que já são bastantes até 2019, e depois veremos se tenho tanto ânimo, tanta vontade… agora quero pensar no presente e o momento chegará para ver quando é o momento de deixar.”

A melhor vitória


“Foram tantas, que na verdade não saberia qual escolher. Sempre disse que a que talvez me tenha dado mais satisfação foi precisamente uma que não foi vitória, mas que para mim representou uma satisfação impressionante, foi a medalha de prata no Mundial do Canadá, atrás de Astarloa. E também o triunfo no Tour Down Under, na primeira corrida que disputei após dois anos parado. Tinha-me cuidado e treinado muito todo esse tempo e foi dizer: aqui estou de novo. A partir daí tudo rolou. A mais especial? Não sei, talvez a primeira Liège. Porque era uma corrida com a qual sempre sonhei, que nos custou muito ganhar, tanto a mim como à equipa, e também por ser o primeiro espanhol a consegui-lo.”

Dedicatória


“É claro que sem a ajuda de muita gente seria impossível alcançar este número. Obrigado à minha família, aos meus pais, à minha mulher, aos meus filhos… sem eles não podia estar aqui. E também a todos os directores, que me acompanharam durante a minha carreira. Desde Manuel López, que me acompanhou em cadetes e juvenis e foi chave na minha formação, Paco Moya, Vicente Belda e também José Miguel Echavarri e Eusebio Unzué.”

“E aos directores de agora, Arri, Chente, Jaimerena, Laguía, agora Pablo Lastras… Todos eles me deram muito para chegar até aqui. E, claro, todos os auxiliares, mecânicos e demais pessoal da equipa, que fazem tudo por mim e sem os quais não tinha sido possível chegar até aqui.”


Palmarés


17 voltas por etapas
Vuelta a España
5 Vuelta a Andalucía
3 Vuelta a Murcia
2 Critérium du Dauphiné
2 Volta Comunitat Valenciana
2 Vuelta a Burgos
Volta a Catalunya
Vuelta a Castilla y León
21 provas de um dia
4 Flèche Wallonne
3 Klasika Primavera
3 Liège-Bastogne-Liège
2 Clásica San Sebastián
2 Campeonatos de Espanha fundo
2 Vueltas a Murcia
Campeonato de Espanha CRI
GP Miguel Indurain
Paris-Camembert
Prueba Villafranca
Roma Máxima
62 etapas
9 etapas Vuelta a España
1 etapa Giro d’Italia
4 etapas Tour de France
8 etapas Vuelta a Andalucía
7 etapas Vuelta a Castilla y León
5 etapas Vuelta al País Vasco
5 etapas Challenge de Mallorca
4 etapas Volta a Catalunya
4 etapas Vuelta a Burgos
3 etapas Vuelta a Murcia
2 etapas Paris-Nice
2 etapas Critérium du Dauphiné
2 etapas Volta Comunitat Valenciana
2 etapas Troféu Joaquim Agostinho
etapa Tour Down Under
etapa Tour de Romandie
etapa Clásica de Alcobendas
etapa Vuelta a Aragón
* Vencedor Ranking UCI WorldTour 2006, 2008, 2014 e 2015
* Pódio final nas três grandes Voltas
* 6 medalhas em Campeonatos do Mundo

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