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Isabel Caetano: 20 anos de carreira, 20 medalhas de ouro

Isabel Caetano é a rainha do ciclismo lusitano. Dona de uma versatilidade ímpar, entrega-se de corpo e alma à dureza e exigência deste desporto. Com 35 anos, detém um número invejável de medalhas nacionais e vitórias em Estrada, BTT, Ciclocrosse e Pista.


Após 4 anos de um casamento repleto de êxitos com a equipa francesa CSM Epinay, enfrentou a temporada passada a título individual, dedicando-se com a mesma paixão à modalidade que em 2015 continua a dar glórias à sua vida, ou não tivesse acabado de conquistar pelo quinto ano consecutivo o Campeonato Nacional de Ciclocrosse.

Passados 3 anos da nossa última conversa, a campeã lusa acompanha-nos numa viagem pela temporada anterior, as despedidas ao passado, as boas-vindas ao presente e futuro, lembrando ainda a importante data que comemora em 2015.

Nestes 3 últimos anos somaste mais quantas medalhas às 17 que tinhas conquistado até ao final de 2012?
Desde 2012, ano em que me fizeste uma entrevista incrível, somei mais 3 medalhas e assim obtive a minha vigésima medalha de ouro em 20 anos de carreira desportiva.

O que sentes com a conquista do 5º Campeonato Nacional de Ciclocrosse consecutivo?
É um orgulho pertencer à história do Ciclocrosse no seu regresso, depois de muitos anos de ausência em Portugal. Desde sempre que competia em Espanha e, por isso, sinto-me feliz por fazer parte do seu regresso ao território nacional e ser uma das pioneiras desta vertente.

E em Espanha, com que objectivos enfrentaste as provas galegas de Ciclocrosse?
Enfrentei da mesma maneira de sempre, representar o melhor possível a camisola de Campeã Nacional e o meu País. Fiz 2º lugar na Taça da Galiza.

Relativamente à temporada passada, como viste o teu ano?
No fim de 2013 fechei um ciclo muito importante da minha vida, correr durante 4 anos ao mais alto nível em França. Em 2014, abriram-se outras portas que me fizeram sonhar… desde a participação na Volta Feminina ao País Basco, com a Selecção Nacional, às aventuras em que participei com a Celina Carpinteiro na Vuelta a Ibiza, Transalp e Brasil Ride em BTT. Ainda participei em Ciclocrosse numa prova de categoria C1 na China, acabando o ano com a participação na Copa de Espanha em Oviedo, Galiza e na Taça de Portugal.

Foi difícil o adeus à CSM Epinay?
A CSM Épinay foi a minha segunda família durante 4 anos. Desde acolherem-me em suas casas, irem-me buscar e levar aos aeroportos, cuidarem de toda a logística de viagens, bicicletas, etc. Por tudo isto, foi difícil a despedida. Além de me despedir de um sonho de vida, despedi-me de muitos amigos. Agradeço-lhes a oportunidade que me deram para a realização deste meu sonho.

Em qual das vertentes do ciclismo te sentiste em melhor forma relativamente às adversárias?
Sendo uma corredora completa, que gosta de todas as vertentes do ciclismo, senti-me bem em todas elas dentro das possibilidades da minha preparação.

Representaste a Selecção Nacional no estrangeiro. Como viste o nível das ciclistas lusas comparativamente às estrangeiras?
A nível da Selecção no estrangeiro, julgo que a Federação Portuguesa está a fazer um bom trabalho e estamos mais próximas do nível internacional, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Como referiste, repetiste o dueto com a Celina Carpinteiro em provas internacionais. Como correu essa parceria e o que guardas de mais importante dessas experiências?
A parceria com a Celina Carpinteiro tem sido incrível a todos os níveis. Além de uma grande corredora, a Celina é uma excelente pessoa. Julgo que nos completamos muito bem. Admiro-a por todas as qualidades que tem e é a minha madrinha nestes novos projectos na minha vida. O mais importante que guardo é a nossa amizade, as conquistas que conseguimos em equipa e as novas experiências de conhecer um outro mundo do ciclismo, que são as provas por etapas em dupla no BTT.

De momento, estiveste focada nas provas de Ciclocrosse e para tal contaste com o patrocínio da Berg, SRAM, Digarda e Garland. Numa era em que se sente a dificuldade em cativar as marcas para apoiar o ciclismo, em que medida este patrocínio ajudou à continuidade da tua carreira?
No princípio de 2014, quando decidi continuar a título individual, foi muito importante o apoio incondicional da Berg, SRAM, Digarda e Garland. É um prestígio poder representar estas empresas, que apostaram e confiaram em mim. Além disso, a Garland é a empresa onde trabalho há 11 anos e onde me sinto em família. Os Presidentes do grupo Garland, Bruce e Peter Dawson, tal como o Director da Logística, Ricardo Costa, fizeram-me muito feliz quando demonstraram orgulho no meu palmarés como atleta e pessoa.

Sobre o teu futuro, o que podes revelar sobre 2015? Vamos continuar a contar com o teu talento nas diversas vertentes do ciclismo?
Em 2015 completo 20 anos de carreira desportiva e comemoro 20 medalhas de ouro em Campeonatos Nacionais nas vertentes de Estrada, Contra-relógio, XCO - BTT, Pista e Ciclocrosse. Vou tentar participar nas várias vertentes de forma comemorativa, num carácter mais descontraído e conforme a minha vida profissional permitir. Nestes 20 anos tenho de agradecer a muitas pessoas, em especial a Aurélio Malta, Carlos Vieira, Horácio Barros, Duarte Pereira, António Teixeira, José Dias e à minha mãe Glória Morgado. Não posso citar o nome de todos, por essa razão um muito obrigado a todos que me ajudaram, confiaram e apostaram em mim!
 
A dupla lusa de sucesso Celina Carpinteiro e Isabel Caetano
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Fotos gentilmente cedidas por Isabel Caetano
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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