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A Corrida, por Frederico Figueiredo: Volta ao Algarve

Boa noite, amigos

Hoje farei o meu rescaldo etapa a etapa do que foi a minha primeira Volta ao Algarve. Em primeiro lugar, há que dar uma grande palavra de apreço a quem conseguiu pôr esta volta na estrada. Exceptuando a parte da transmissão televisiva, esteve num patamar muito acima com um excelente pelotão, percurso competitivo, segurança e sempre muita gente a ver a corrida passar. Afinal, não só no norte está o ciclismo. E é sempre espectacular poder correr ao lado das grandes estrelas do pelotão mundial!

Agora passando às etapas, o primeiro dia pode dizer-se que foi calmo. Deu-se a fuga inicial e depois foi sempre a velocidade de cruzeiro até aos últimos 50 km. Nesta etapa, o meu colega César Fonte espelhou bem a sua classe ao integrar a fuga e terminar o dia como líder das metas volantes. Foi muito bom para a nossa equipa ter um homem no pódio numa corrida deste nível.

Para o segundo dia já tivemos uma etapa diferente, com a dureza da chegada a Monchique. Novamente, tivemos uma fuga a formar-se desde cedo, sem que nenhum dos homens da frente pusesse em causa a camisola do César. Contudo, aproveitámos o ritmo imposto pela Tinkoff-Saxo no pelotão, que fez diminuir a vantagem da fuga, e seguindo as palavras do nosso director pegámos na corrida para que o César pontuasse na última meta volante do dia, o que veio a acontecer. Resultado? Solidificou a liderança da camisola e subiu um dia mais ao pódio.

No terceiro dia esperava-nos um contra-relógio individual… este foi para mim um dia azarento. Não fui reconhecer o percurso e entrei de mãos nos extensores no paralelo de Sagres já dentro do último quilómetro… as sensações estavam a ser boas, até à queda que resultou num joelho inchado e um bocado de ‘chapa queimada’.

No dia seguinte, a etapa rainha da prova com a chegada ao Alto do Malhão. Jornada difícil para mim, tinha descansado pouco com dores no joelho e mau estar. Mesmo durante o percurso sentia alguma dor sempre que fazia muita força, mas tentei ir até onde pude e terminar a etapa. Gostava de ter dado mais um pouco neste dia, ainda mais com o mar de gente ao longo de toda a subida do Malhão. É muito bom ver aquela quantidade de pessoas, digno de uma chegada da Volta a Portugal.

E chegamos à última etapa, comigo a sentir-me um pouco melhor das dores no joelho apesar do inchaço. Neste dia, o pelotão acordou com muita vontade e o ritmo foi sempre muito alto. Já tínhamos praticamente certa a ida ao pódio por parte do César Fonte. Bastava ter atenção aos adversários directos para que não pontuassem. E assim chegámos rapidamente ao circuito de Vilamoura, sempre a alta velocidade onde a vitória sorriu ao Cavendish.

Não posso terminar sem deixar uma palavra ao Edgar Pinto, que se apresentou muito bem nesta Volta ao Algarve. Ao Ricardo Vilela, Arkaitz Durán e Edu Prades pela excelente prestação. Ao Valter Pereira pela vitória da camisola da montanha, que bem a mereceu e, claro, ao meu companheiro e amigo César Fonte, que mais uma vez demonstrou a sua classe estando entre os melhores subindo ao pódio para vestir a camisola das metas volantes.

Agora fiquem à espera da próxima competição da Rádio Popular-Boavista!

Cumprimentos e boas pedaladas,
Frederico Figueiredo

 
Frederico Figueiredo (by Pedro Vidinha)

[Frederico terminou a sua primeira Volta ao Algarve em 90º lugar, a 18m28s do vencedor Michal Kwiatkowski (OPQ)]

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